domingo, 8 de julho de 2012

Let me sing, let me sing



Não existe uma pessoa SEM CULTURA, isso é ,desculpem-me a palavra, merda que põe na cabeça de vocês e vocês aceitam sem questionar. Funk, pagode, samba, brega, axé, etc, podem ser estilos que VOCÊ NÃO GOSTA, mas definitivamente não estão fora do conceito de cultura. Funk é cultura, pagode é cultura, samba é cultura, brega é cultura, axé é cultura e rock é cultura. Cultura é tudo aquilo que faz parte da vida de uma pessoa e que é apreendido no meio em que ela vive, sendo o complexo de conhecimentos, crenças, aptidões, senso moral, senso artístico, costumes e hábitos que o indivíduo tem. 


Então, por mais que duas pessoas tenham aptidões e sensos culturais distintos, não existe entre as duas o indivíduo com "mais" ou "menos" cultura, nenhuma cultura é melhor do que a outra.

Mas, existem os indivíduos com maior ou menor conhecimento musical. E é meio que revoltante alguém que nem sequer conhece as notas musicais e é só mais um produto montado pelo mercado fazer mais sucesso do que um compositor nato, alguém que passou uns quatro anos estudando além de dedicar muito do seu tempo á música. 
No meu humilde ver, a crítica de "sem cultura" é invalida, pois toda pessoa que vive em sociedade tem cultura, faz parte de uma ou de várias comunidades, porém a critica de que um estilo musical é inferior a outros e que os músicos são medíocres é uma assertiva a ser pensada pois uma pessoa que se diz cantor e não tem a menor noção do que é um campo harmônico é o mesmo que um jogador que não conhece os fundamentos e regras de seu jogo ou um médico que não saiba usar nem seu estetoscópio, ou seja, o básico da sua profissão. Sem mencionar a execução da música em si. É de conhecimento geral que alguns instrumentos são mais complexos do que outros e que certas notas são mais difíceis de se alcançar.

Podemos dividir essas criticas em dois campos básicos: preconceituosas ou embasadas no gosto. É fácil dizer que funk, por exemplo, é um estilo musical ridículo porém se você não tem fundamentos nem argumentos válidos para defender isso está sendo um babaca, mesmo. No entanto, se já se foi ouvida, se suas letras foram lidas e relidas, se suas batidas e sincronismo foram acompanhados... e mesmo com todo esse "conhecimento" acerca do estilo musical por falta de agrado ou sintonia simplesmente não se gosta, como usar esse argumento sem ser taxado como ignorante? 

Acredito que cada música tem seu momento e  lugar para ser ouvida. Quem nunca odiou uma música ou gênero musical e em uma outra situação passou a simpatizar ou mesmo adorar aquilo? É uma questão de contexto ou mesmo de companhia.  



Sobre título e motivos

Precisava de um espaço onde pudesse escrever objetivamente, onde o teor do material poderia ser qualificado como um amplo conjunto de questionamentos. Disso, de repente surgiu a conexão, perguntei-me:  que existirá de mais expressivo como questionamento do que aquele que Hamlet faz ao proferir a célebre frase “ser ou não ser”, dirigida à caveira agarrada uma das suas mãos? Pronto, estava batizado meu novo blog Falling like Hamlet;   falling em questionamentos mal comportados sobre a vida, a verdade e o futuro com a pretenção de expressar a tônica ou o humor das proposições das diversas realidades correntes e aspirações humanas permanentes.
Voltando a Hamlet, há um fato muito curioso: a celebre imagem dele segurando a caveira e ensaiando seu famoso monologo "ser ou não ser" é uma assertiva do imaginário popular ou talvez  adaptações do teatro moderno. Nos Fólios de Shakespeare, na verdade sao duas cenas diferentes, o monologo se dá a noite quando Hamlet está sozinho em seu quarto e em outro momento no cemitério Hamlet com a caveira na mao na verdade diz:
"Pobre Yorick! Conheci-o, Horácio; um sujeito de chistes inesgotáveis e de uma fantasia soberba. Carregou-me muitas vezes às costas. E agora, como me atemoriza a imaginação! Sinto engulhos. Era aqui que se encontrávamos os lábios que eu beijei não sei quantas vezes. Onde estão agora os chistes, as cabriolas, as canções, os rasgos de alegria que faziam explodir a mesa em gargalhadas? Não sobrou uma ao menos, parar rir da tua própria careta? Tudo descarnado! Vai agora aos aposentos da senhora e dize-lhe que embora se retoque com uma camada de um dedo de espessura, algum dia ficará deste jeito. Faze-a rir com semelhante pilhéria."


  O que mais me toca é a simbologia da caveira, que pode comportar três aspectos: O primeiro consistiria nela em si, como aquilo que resta quando todo o mais se acaba em nossa vida, não importa se fomos ricos ou pobres, negros ou brancos, comunistas ou capitalistas,homem ou mulher,etc nosso fim é o mesmo ; o segundo refletiria o que pulsa dentro dela enquanto há vida, nesse aspecto ainda somos iguais possuímos os mesmos orgãos e as mesmas constituições básicas: núcleo,membrana, celula... todos com a mesma função biológica, mas cada um de nós tem seu próprio relógio biológico sua própria cadeia de DNA; e o último compreenderia o que entra por ela para o resto do complexo somático através dos sentidos: o que cheiramos, olhamos, comemos, ouvimos, sentimos ,usamos e como através disso modificamos-nos,esse ultimo ponto é o dos nossos apetites. Seriam a Caveira Interior, o Interior da Caveira e o Exterior da Caveira. Por isso o título do blog cai como uma luva, quando se nota que esses três aspectos da caveira correspondem respectivamente aos três deuses decaídos sobre os quais mais gosto de dissertar: Morte, Ciência e Mercado.
Hamlet é a figura mais dramática e questionadora de Shakespeare, analista, não consegue tomar uma decisão sem overthinking e ainda parte do pressuposto fúnebre de que a morte é a solução para todos os problemas. Eu, como Ophelia, acabei caindo por Hamlet e caindo como Hamlet na ambiguidade dos deuses decaídos.